“Lembro de quando tivemos alta do hospital, estava perdida sem saber o que fazer quando você chorasse em casa. Na maternidade me ensinaram como deveria ser a amamentação, mas a sensação era que eu não sabia de nada, tinha muitas dúvidas, o leite até o dia da alta não tinha descido, lembro das vezes que precisamos da fórmula e saímos do hospital com o peso dentro dos padrões normais.”
Hoje sei que inicialmente o colostro é o que vem primeiro, é suficiente para o bebê até a vinda do leite, não entendi até hoje a sugestão do hospital em dar fórmula, mas tudo bem.
“E realmente eu estava certa em me sentir tão insegurança, por ter tantas dúvidas, em seus primeiros dias em casa, com o seu choro eu ouvia que você tinha fome, que meu leite poderia ser fraco ou não ter o suficiente e mil pontos para a mamadeira, “essa criança tem fome, dá mamadeira pra ela”, era a frase que eu mais ouvia e a pior para uma mãe recém-parida.”
Em meio a um turbilhão de coisas acontecendo ao mesmo tempo, hormônios a flor da pele, eu aprendendo a conhecer a cria, suas necessidades, tentando aprender como alimentá-la e descobrir se aquilo era suficiente, não foi fácil, eu sentia muita dor e tenho lembranças das lágrimas escorrendo, porque eu não queria desistir. Eu ficava me perguntando como ninguém tinha me contado antes a realidade, talvez para eu não desistir antes mesmo de tentar.
A tal da pega me incomodava, eu percebia que não estava legal, na época eu não conhecia a possibilidade de conversar com consultoras em amamentação, depois de dois dias em casa, recebemos a visita da minha cunhada, era o 5º dia de vida da Rafa e comentei sobre a sensação de estar fazendo algo errado, quando ela meu viu amamentar me ajudou a corrigir a pega, parecia que eu tinha ganhado um troféu, tudo foi ficando fácil e começou a fazer sentindo, sem dor, eu percebia que Rafa mamava o suficiente para se satisfazer, depois disso passei a curtir aquele momento nosso, foi muito gratificante, que vínculo maravilhoso.
Ainda grávida eu ouvia que amamentar até os 6 meses já seria o suficiente, depois que a Rafa nasceu meu coração dizia que seria até quando ela quisesse. Amamentei exclusivamente até os 4 meses, porque tive que voltar para a empresa até ser desligada. O desmame aconteceu com 9 meses, achei tão precoce, de repente ela começou a recusar o peito, eu insistia, ela chegava a chorar não querendo o peito, então conclui que o desmame havia chegado.
Amamentar é doação e tem que ser bom para todos, se você estiver passando por dificuldades, procure ajuda, se informe o máximo que puder, siga seu coração e não se culpe se algo não sair como você gostaria, o importante é o bem-estar, maternidade não pode ser só sofrimento e culpa.