“É como chuva no dia do seu casamento
É uma carona de graça, quando você já pagou
É o bom conselho que você não aceitou
E quem iria imaginar que ele faz sentido
Bem, a vida tem uma maneira engraçada de aprontar com você
E a vida tem um jeito muito, muito engraçado de ajudá-lo”
(Trecho da música Ironic – Alanis Morissete)
Gente, sabe aquela cena de filme, quando você encontra o amor da sua vida e de fundo está tocando a música que será eternamente lembrada a dois? Pois é, esse é um trecho da música que acendeu a chama da paixão em mim e ironicamente rsrsrs…. eu não sabia da tradução, nunca soube, fui procurar para escrever este post, ela faz parte da história. Eu quis começar com a música porque foi bem neste momento que percebi que havia algo diferente em mim.
Eu e o Paulo nos conhecemos em uma das empresas que trabalhamos. Ele era da área de suporte de TI entrou em 2001 e eu da área de Administração de Vendas, iniciei nesta empresa em 2002. Desde então ia tudo bem, eu namorava, fazia faculdade e estava curtindo muito trabalhar nesta empresa, afinal foi a minha primeira experiência fora da área de Seguros, era uma multinacional americana, a autonomia era bem maior, muito diferente de lugares onde havia trabalhado, um ambiente espetacular e alto astral.
E não lembro de nunca ter solicitado suporte da área de TI, a empresa era muito grande e se algum dia eu precisei de alguém da área não lembro nem do nome, porém para o Paulo, foi diferente (ele me contou depois), quando me viu desde o primeiro dia, fez questão de criar meu login de acesso ao sistema da empresa, avisou a todos da sua área que qualquer chamado meu, era para avisá-lo, era ele quem iria me atender, fazia questão de parar o que estava fazendo para me ver pegando papéis na impressora que por sinal ficava perto da baia de TI e dizia para a secretária que ia se casar comigo.
Tudo começou em 2004, era meu último ano de faculdade, estava super puxado e estressante, meu percurso até o trabalho eram de 2 horas, eu chegava atrasada todos os dias, o namoro que já durava 5 anos não ia nada bem e meu pai havia sofrido um infarto, em meio a essa enxurrada de coisas acontecendo, meu foco era estudar, cuidar do meu pai e trabalhar, o resto ficou de lado, ou seja, o namoro.
Bom senta que lá vem a história…
Eu e o ex-namorado estudávamos na mesma faculdade, diferente dos anos anteriores, o ano de 2004 começou bem diferente, as minhas voltas para a casa já não eram em sua companhia, era sozinha e com uma frequência cada vez maior, sempre havia uma desculpa para não voltar comigo. As discussões só aumentavam, eu já não tinha mais a mesma empolgação de começo de namoro e praticamente deixamos de nos ver aos finais de semana, os encontros eram somente na faculdade, porém nenhum de nós sugerimos ficar cara a cara para por um ponto final em tudo, as amigas da faculdade tentaram abrir meus olhos para uma possível pulada de cerca, mas eu briguei com todas achando que elas queriam é atrapalhar o namoro.
Fui levando essa situação até metade do ano, não me lembro ao certo! Até que um dia voltando da faculdade sozinha, vejo meu pai que sempre me buscava no ponto de ônibus (sim meu pai me buscava no ponto, eu não me sujeitava a voltar a pé para casa a noite de jeito nenhum, eu sempre chegava perto da meia-noite) sentado no banco do carro, com a porta aberta olhando para o chão, quando desci do ônibus perguntei o que estava acontecendo, quando ele foi tentar me responder, só deu tempo de pedir socorro e dizer que não conseguia respirar, liguei para o meu irmão pedindo para vir ao nosso encontro, mas meu pai disse que precisava ir pra casa, não ia dar tempo de esperar meu irmão chegar até o ponto de ônibus (era muito perto de 2 a 4 minutos), porém acho que esse foi o trajeto mais longo das nossas vidas, ainda fizemos uma parada no meio do caminho, ele gritava muito, pedia socorro, eu não sabia como agir, depois de alguns segundos ele ganhou fôlego novamente e conseguimos chegar em casa, mas só deu tempo de descer do carro e ele sentar no chão da garagem mesmo, pedia pelo remédio sublingual dentro da carteira que o clínico-geral havia receitado , meu pai já tinha sido alertado pelo médico sobre um possível infarto, ele havia prometido que procuraria um cardiologista, mas demorou demais, ele estava tendo um princípio de infarto.
Desde esse dia nossa missão foi procurar um cardiologista para que ele fizesse todos os exames necessários e explicasse o ocorrido, meu pai estava com uma das artérias praticamente 100% comprometida e seria necessário a cirurgia para a obstrução da mesma, o cateterismo não seria o suficiente.
Do nada o ex-namorado começou a me cobrar mais presença, queria voltar a ir em casa aos finais de semana e eu não queria, agora quem inventava desculpas era eu, na família ninguém nunca perguntou nada sobre sua ausência, meus irmãos, meu pai, ninguém! Comecei a usar a doença do meu pai como desculpa, eu dizia que não estava com cabeça para nada, eu precisava cuidar dele, pois ele faria uma cirurgia de grande porte.
Com a proximidade das provas finais na faculdade, fiquei praticamente trancada em casa aos finais de semana estudando, eu queria passar direto, sem nenhuma DP, mas eu tinha professores que pegavam pesado! Minha cabeça estava a mil, eu já nem me considerava mais tão comprometida, mas se perguntassem se eu namorava eu dizia que sim, tanto que na minha mesa de trabalho tinha uma foto nossa.
Mais ou menos no final de Setembro, começo de Outubro, é que começou a minha história com o Paulo, aquela que definiria nossos destinos.
Todo ano a empresa realizava venda de computadores antigos, estes equipamentos eram considerados obsoletos para uso profissional, mas para uso doméstico eram excelentes. Resolvi adquirir um, afinal era mais novo do que eu tinha em casa, comentei sobre a venda com o ex e ele também se interessou.
Após os tramites de pagamento, o setor administrativo informou a data para retirada dos equipamentos, o ex na época estava de férias, porém a data de retirada foi marcada para dois dias depois da sua volta ao trabalho, conversei então com o responsável do setor, pedindo a antecipação da retirada e meu pedido foi atendido. Gente coincidências não são à toa!!!!
Chegado o dia da retirada, a área de TI, responsável pelos equipamentos, já estava sabendo sobre a liberação antecipada de retirada, o Paulo foi quem pegou os 2 computadores que eu havia comprado e o conduzi até a garagem onde estava o ex nos esperando.